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Quando nasceu, Neymar ficou sem nome por quase uma semana. Indecisos, seus pais, Nadine e Neymar Santos, pensaram em "Mateus". "Mas minha mãe sugeriu botar Neymar para ver se um dia esse nome vingaria", conta o pai do garoto.

Neymar pai jogou futebol em clubes pequenos, o que lhe rendeu o patrimônio de um terreno. Neymar filho, aos 17 anos, já comprou uma cobertura tríplex em Santos - com piscina, sauna e espaço gourmet dentro do apartamento. Uma jacuzzi com TV de plasma ocupa o banheiro de seu quarto. Lá, a nova e grande estrela do Santos vive há cinco meses com pai, mãe, irmã e um primo - que tenta a vida como jogador.

Uma estante envidraçada com fotos, medalhas e troféus de "Juninho" decora a sala-de-estar da casa da família, onde a coluna foi recebida em dois dias diferentes. No primeiro, o pai e empresário do craque contou histórias inéditas. No outro falou o filho - mostrando-se, em família, um tímido e brincalhão.

"E pensar que o Juninho quase morreu", emociona-se a mãe. "Ele tinha quatro meses e estava no carro comigo e com meu marido quando sofremos um acidente. Ele estava deitadinho atrás e, quando batemos, rolou para debaixo do meu banco. Mas Deus estava no controle e ele só cortou a testa. Meu marido ficou três meses na cama."

Agora, aos 18 anos, com saúde e futebol para vender por milhões de euros, ele é "um vulcão em erupção", conforme define seu pai - e para chateação do técnico Dunga. Neymar está solteiro. Rompeu o namoro de cinco meses com uma garota de 16 anos, do Guarujá. Seu pai bem que tenta aconselhar as namoradas do filho: "Para ser mulher de atleta, tem que fazer vista grossa. Homem apronta, mas quando a ficha cai, ele volta. Veja o Robinho, ele sossegou".

Neymar diz que não quer saber de se apaixonar. "Agora não. Quero curtir a vida", avisa, esparramando-se no sofá. Entrelaçando as pernas em uma almofada, narra seu sacrifício para não cair no canto das marias-chuteiras. "Você tá quietinho e elas é que vêm para cima. A gente tenta dar umas cortadas, mas é complicado. Tem que ser esperto, primeiro conhecer, ver de onde ela vem, no que está interessada, se ela gosta mesmo de você. Daí você investe."

E o assédio é grande. "Tem mulher mais velha, mais nova, tem de tudo. Tenho que ficar com o olho bem grandão", afirma, arregalando o seu par verde.

Para proteger o filho de companhias oportunistas e de impulsos consumistas, quem administra o dinheiro do craque é o pai. Ele diz deixar apenas R$ 5 mil na conta do moço - valor bem inferior ao salário, que hoje beira os R$ 150 mil mensais. "E cinco mil ainda acho muito, porque o Juninho não precisa comprar nada. Tem contrato com a Nike, ganha roupas, tudo. Parece um polvo, tem mais de 50 pares de sapatos."

História que o jogador confirma. "Eu acho bom, porque a grana acaba. E sou meio gastão, né? Principalmente em viagens. Compro presente para todo mundo. Até para o cachorro, se deixar." O jovem também coleciona relógios, perfumes e brincos. "Mandei fazer um brinco de ouro com as letras "NJ" (de Neymar Junior)."

Ele adora, também, comprar roupas. Os estilos "variam com o humor". Fora das marcas esportivas, prefere Calvin Klein e Armani. "Calça gosto assim: apertadinha embaixo e larga na cintura. Aparecendo a cueca."

Mas o interesse por moda é recente. Quando pequeno, ele queria mesmo era "comprar um supermercado de bolachas. Para poder comer as recheadas a qualquer hora".

Neymar tem uma marcante passagem na infância que envolve molecagem, inveja e, novamente, bolachas. Certa vez, ele e um grupo de amigos do clube foram a uma padaria e roubaram um pacote de biscoitos. Ao perceber, o então treinador Betinho fez o grupo voltar, pagar e pedir desculpas. O deslize rendeu. Um dos pais dos meninos envolvidos foi até o presidente do clube e disse: "Esse Neymar, que vocês ficam pajeando, é um ladrão". A história caiu como uma bomba nos ouvidos de Neymar pai, que só soube da história quando voltou à noite do CET, onde trabalhava como mecânico. "Todos estavam envolvidos, mas foram reclamar só do Juninho por pura inveja. Ele era o único a ganhar duas cestas-básicas em vez de uma."

Por falar em inveja, Neymar pai conta que desde pequeno o filho jogava com "fitinha de Jesus" na cabeça. "Minha mulher fazia questão, que era para protegê-lo. Mas chegaram até a chamá-lo de "mascarado". Quando foi para o Santos, teve que abandonar essa proteção."

Com ou sem faixa, Neymar, segundo seu pai, sempre foi e continua sendo um fiel contribuinte da Igreja Batista Peniel, de Sãio Vicente. Doa 10% de tudo o que ganha para lá. "O primeiro salarinho dele foi R$ 450. Fizemos esse primeiro contratinho dele no Santos e minha mulher pegava os R$ 45 e dava para igreja todo mês. OK, ainda sobravam uns R$ 400 para pagar as contas. Daí ele passou a ganhar R$ 800. Tá bom, doa R$ 80... Só que Deus começa a te provar, né? Pegamos R$ 400 mil. Caramba, meu, como vamos "dizimar" R$ 40 mil? É um carro! Cara, mas daí você pensa que Deus foi fiel. Pum, dá R$ 40 mil! Mas daí vieram "catapatapum" reais. Meu Deus, não quero nem saber, "dizima" logo isso! (risos). É... Deus te prova no pouco e no muito", suspira o patriarca da família Silva Santos. E o que pensa disso o jogador? Como revela na conversa que se segue, o dinheiro não lhe faz a menor falta.

 

Confira abaixo trechos da entrevista publicada pelo jornal Estadão:

 

 

Dói abrir mão de R$ 40 mil?

Para Deus, nada dói. E acho legal. A gente conhece bem o pastor da Peniel. Faz dez anos que estou lá e agora estão ampliando a igreja. Acho que se a gente acreditar em Deus, as coisas vêm naturalmente. Deus me deu tudo: dom, sucesso…

 

Falando nisso, qual é a parte chata de fazer sucesso?

Ah, não tem parte chata. Eu acho que é sempre legal.

 

Já foi vítima de racismo?

Nunca. Nem dentro e nem fora de campo. Até porque eu não sou preto, né?

 

O que gostaria de poder comprar que ainda não tem?

Queria um carrão.

 

Mas você acabou de comprar um Volvo XC-60, por R$ 140 mil, Não é um carrão?

Ah, é, mas queria uma Ferrari. Nunca andei.

 

Uma Ferrari ou um Porsche? Não sei. Qual é melhor?

Não sei, também. Ah, então eu queria um Porsche amarelo e uma Ferrari vermelha na garagem.

 

Qual é seu tipo de mulher? Linda. Prefere as loiras, as morenas, japonesas…?

Tem que ser linda. Sendo linda, tá tudo certo. E só não pode ser interesseira.

 

Você alisa mesmo os cabelos a cada 20 dias?

Aliso. Nem sei o que eles (cabeleireiros) fazem. Só sei que tem um cheiro ruim. Mas fica bom porque meu cabelo é meio enrolado. Aí tem que alisar para o moicano espetar. E também pinto de loiro. Sou meio maluco, né?

 

Parece que você tira as sobrancelhas também…

Tiro aqui embaixo (diz, penteando-as com os dedos).

 

E o que mais você faz para cuidar da aparência?

Depilo as pernas com uma maquininha. Da canela até as coxas. Acho que fica melhor assim. Ah, e faço o pé com a podóloga do CT (Centro de Treinamento do Santos). E, olha aqui, meu pé até que é bonitinho, né? O pessoal costuma ter a unha preta. Eu, não.

 

Gosta de viajar?

Gosto de ir para outros lugares, mas não gosto de viajar, não. É chato ficar dez horas dentro do avião. Você anda para lá e para cá e nunca chega.

 

Qual o lugar que mais gostou de conhecer?

Os Estados Unidos. Fui para Nova York e Los Angeles. É tudo é diferente, né? A rua, o cheiro. Fui também para Catar, México, Nigéria.

 

Para onde gostaria de ir?

Hmmm… para a Disney. Gosto de parque de diversões, brinquedos radicais. Tenho medo, mas eu vou. Ah, e Cancún também. Não surfo, mas pego um “jacarezinho”.

 

Já tirou seu título de eleitor?

Não tirei. Nem queria, mas vou ter que tirar.

 

Sabe quais vão ser os candidatos à Presidência?

Não sei, não

 

Gosta do Lula?

Não tô prestando muito atenção nisso. Mas agora vou ter que passar a prestar.

 

E até onde quer chegar como jogador de futebol?

Quero ser o melhor do mundo.

 

 

 RAISSA SAMPAIO RAISSA_NEYMAR@HOTMAIL.COM